domingo, 11 de março de 2012

Hoje, recuperei uma parte de mim

22 de julho de 2011: Estávamos em casa e a Bruna se arrumava para ir pro ENJOCCARC. Ela me pediu então para arrumar os cabelos dela, passar chapa. Eu fui, mas já sentia ali uma dor que me roeria por dentro muito mais intensamente dentro de algumas semanas. Ela ainda não tinha dado início às sessões de quimioterapia, mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde ela perderia o cabelo e pensar nisso me deixava sem ar. Eu fiquei ali, passando a mão nos longos fios de cabelo e imaginando qual seria a reação dela quando eles começassem a cair. Três semanas depois, no episódio que descrevi aqui também, na casa do Daniel, naquele dia que eu nunca vou esquecer, pela gratidão e pela dor, quando amigos e o próprio Dani rasparam a cabeça, eu senti aquele aperto que tinha prevido. Conversei com a Bruna antes e perguntei se não seria melhor ela raspar a cabeça. O cabelo já tinha caído muito, acho que 70% dos fios já tinham ido embora e conviver com aquelas mexas que ainda permaneciam mal coladas na cabeça era triste demais. Nesse dia então, ela resolveu que ia se juntar aos colegas. Foi eu quem cortou a primeira mexa e jogou no chão como se jogasse ali um pedaço da alma, da alegria, da paz, do conforto, um pedaço do coração sempre com a oração: Jesus, tira dela e passa pra mim! A vontade de cair no choro era muita, mas existia ela ali, que precisava que aquele momento fosse o mais leve possível. Fixei meu olhar no Vanildo, que acima de tudo foi um grande companheiro e que fez a caridade de estar ali comigo também e enxerguei ali um olhar que me dizia: "-Você não pode chorar agora!" E eu engoli as lágrimas e todos ali entenderam que ela precisava de força. Foi então que o era pra ser uma cena que repetia o foi encenado em uma novela global (que fugiu o nome agora), se transformou em algo natural, leve. Nem parecia mais ser o que era. Vi minha irmã ficar careca quando só tinha 14 anos e uma adolescência cheia de vaidade pela frente.  Ao me lembrar disso agora, fico emocionada. Não imaginei chegar a esse momento agora, não imaginei estar aqui, de pé, firme, pra contar o decorrer dessa situação. Não imaginava que fosse poder contar tão breve o reverso dessa história. Raspei a cabeça da minha irmã, mas hoje eu escovei os cabelos dela de novo. Ainda não tão grandes, mas com tamanho suficiente pra escova correr e fazer um penteado moderninho. 
Pra quem não vê minha irmã há algum tempo, posso afirmar: ela nunca esteve tão linda! E cheia de vida, que é o mais importante. 
Quando passei a escova nela agora há pouco, recuperei aquela parte do meu coração que foi varrida com aqueles fios que um dia foram dela; recuperei o pedaço da alma e só me resta dizer: Obrigada, Deus!!!!

Essa postagem é pra desejar pra ela também um feliz aniversário! Que essa celebração de nascimento (e que nascimento) renove em você, Bruna, toda essa força que você descobriu e mostrou a todos nós nesse período de tratamento que está quase chegando ao fim. O aniversário é seu, mas somos nós que ganhamos um presente: você, a sua vida, o seu sorriso, sua saúde. 

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